Defeitos, imperfeições, vícios; tudo aquilo que pode desviar o homem do BEM, das leis de Deus.

Malsinações aqui serão interpretadas como: defeitos, imperfeições, vícios;
tudo aquilo que pode desviar o homem do BEM, das leis de Deus.
I - INTRODUÇÃO: ORIGEM DO BEM E DO MAL
1. - Sendo Deus o princípio de todas as coisas, e sendo este princípio todo sabedoria, todo bondade, todo justiça, tudo o que dele procede deve participar de seus atributos, por que é infinitamente sábio, justo e bom, nada pode produzir de insensato, de mau e de injusto. O mal que observamos não deve, pois, ter a sua fonte nele.
2. - Se o mal, estando nos atributos de um ser especial que se chama Arimane ou Satã, de duas coisas uma: ou esse ser seria igual a Deus e, conseqüentemente, tão poderoso quanto ele, e de toda a eternidade igual a ele, ou lhe seria inferior.
No primeiro caso, haveria duas potências rivais, lutando sem cessar, cada uma procurando desfazer o que a outra faz, e se opondo mutuamente. Esta hipótese é inconciliável com a unidade de vistas que se revela na disposição do Universo.
No segundo caso, esse ser, sendo inferior a Deus, ser-lhe-ia subordinado; não podendo ter sido igual a ele, de todo a eternidade, sem ser seu igual, teria um começo; se foi criado, não pode tê-lo sido senão por Deus; Deus teria, assim, criado o Espírito do mal, o que seria negação da sua infinita bondade.
3. - Entretanto, o mal existe e tem uma causa.
Os males de todas as espécies, físicos ou morais, que afligem a Humanidade, apresentam duas categorias que importa distinguir:
a - são os males que o homem pode evitar,
b - são aqueles que independem da sua vontade.
Entre estes últimos, é preciso colocar os flagelos naturais.
O homem, cujas faculdades são limitadas, não pode penetrar, nem abarcar, o conjunto dos objetivos do Criador; julga as coisas sob o ponto de vista da sua personalidade, dos interesses factícios e da convenção que se criou, e que não estão na ordem da Natureza; por isso é que ele acha, freqüentemente, mau e injusto, o que acharia justo e admirável se lhe visse a causa, o fim e o resultado definitivo. Procurando a razão de ser e a utilidade de cada coisa, reconhecerá que tudo leva a marca da Inteligência Suprema, e se inclinará diante dessa sabedoria, mesmo para as coisas que não compreende.
4. - O homem recebeu, em herança, uma inteligência com a ajuda da qual pode conjurar, ou pelo menos grandemente atenuar os efeitos de todos os flagelos naturais; quanto mais ele adquirir saber e avançar em civilização, menos esses flagelos são desastrosos; com uma organização social sabiamente previdente, poderá mesmo neutralizar-lhes as conseqüências, quando não puderem ser inteiramente evitadas. Assim, para esses mesmos flagelos, que têm a sua utilidade na ordem da Natureza e para o futuro, que ferem no presente, Deus deu ao homem, pelas faculdades com as quais dotou o seu Espírito, os meios de paralisar-lhes os efeitos.
Assim é que ele saneia os continentes insalubres, neutraliza os miasmas pestilentos, fertiliza as terras incultas e se esforça por preservá-las das inundações; que constrói habitações mais sadias, mais sólidas para resistirem aos ventos, tão necessários para a depuração da atmosfera, que se coloca ao abrigo das intempéries; foi assim, enfim, que, pouco a pouco, a necessidade fê-lo criar as ciências, com a ajuda das quais melhora a habitabilidade do globo, e aumenta o seu bem-estar.
5. - Devendo o homem progredir, os males, aos quais está exposto, são um estimulante para o exercício da sua inteligência, de todas as suas faculdades, físicas e morais, iniciando-o na pesquisa dos meios para deles subtrair-se. Se não tivesse nada a temer, nenhuma necessidade o levaria à pesquisar, seu espírito se entorpeceria na inatividade; não inventaria nada e não descobriria nada. A dor é o aguilhão que impele o homem à frente, no caminho do progresso.
6. - Mas os mais numerosos males são aqueles que o homem cria para si mesmo, pelos seus próprios vícios, aqueles que provêm de seu orgulho, de seu egoísmo, de sua ambição, de sua cupidez, de seus excessos em todas as coisas; aí está a causa das guerras e das calamidades que elas arrastam, dissenções, injustiças, opressão do fraco pelo forte, enfim a maioria das doenças.
A Gênese - cap. III, Allan Kardec
Terra Bendita ! Terra, que tanta vez malsinamos nos dias de infortúnio ou nos momentos de ignorância, nós te agradecemos as dores e as aflições que nos ofereces, por espólio de nossos próprios erros, e rogamos a Deus nos fortaleça os propósitos de reajuste e aperfeiçoamento, para que, um dia, possamos retribuir-te, de algum modo, os benefícios que nos tens prodigalizado, por milênios de milênios, através da reencarnação.

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